quarta-feira, 30 de abril de 2014

Uma parábola para os dias de hoje...

A Parábola do Mordomo Infiel

Lucas 16: 1-9

“Disse Jesus aos seus discípulos: havia um homem rico cujo administrador foi acusado de dissipar seus bens. Então, chamando-o disse: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua administração, porque já não poderás ser meu administrador. O administrador disse consigo: Agora que farei? O meu senhor me tira o emprego. Cavar, não posso, e, de mendigar tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for demitido da administração, me recebam em suas casas. Chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deve ao meu senhor? Ele respondeu: Cem batos de azeite. Disse-lhe: toma a tua obrigação, e assentando-te depressa, escreve cinqüenta”.

Disse depois ao outro: E tu quanto deves? Cem cores de trigo. Disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta. Louvou aquele senhor o injusto administrador por haver procedido prudentemente. Pois os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz. Eu vos digo: “Granjeai amigos com as riquezas da iniqüidade e injustiça, para que quando estas vos faltarem, vos recebam nos tabernáculos eternos.”

Esta parábola é a cruz de muitos intérpretes: teólogos, pastores, dirigentes espirituais e padres. Não falta quem duvide que seja ela de autoria de Jesus.

Talvez o erro de interpretação tenha seu fundamento na compreensão do simbolizado espiritual da parábola, por meio do seu símbolo material.

Aliás, confundir o dedo que aponta a luz com a própria luz é a coisa mais comum nos meios cristãos. Uma análise racionalista, puramente intelectual, jamais atinge o verdadeiro sentido das palavras proferidas por um ser iluminado espiritualmente.

O sentido de justiça da verticalidade espiritual não é compreendido pela moralidade conceitual na horizontalidade intelectual. Literalmente, parece que a parábola de Jesus nos recomenda a fraude e, o ardil, como meio para granjearmos amigos no mundo espiritual. Assim sendo, o fim sendo bom, justifica os meios amorais. Aliás, esta é uma premissa nos meios que se dizem cristãos.

Ouvi um pastor dizer-me que mesmo cometendo deslizes espirituais, considerava justificado o autor pela obra de evangelizar o rebanho. Em face disso, compreendo que não se sintam seguros com esta mensagem; pois, parece revelá-los com a projeção de alma que fazem.

Observe, que toda e qualquer parábola contém um símbolo material e um simbolizado espiritual. Nesta, por exemplo, o símbolo material é o procedimento desleal do administrador, e o simbolizado espiritual é a recomendação de usarmos de tal modo os bens materiais, que estes, nos sirvam de meios para alcançarmos as graças espirituais. Meios e condições materiais podem nos fazer alcançar graças. Quando materialmente ajudamos alguém a não passar fome, a ter acesso a um medicamento necessário à saúde, a ter paz espiritual através de um bom livro, de um atendimento fraterno a um necessitado. Quando abrimos um espaço material para uma evangelização, ou doamos alimentos e remédios aos necessitados, promovemos ações materiais que tem um simbolizado espiritual.

Mas, será pela fraude que alcançaremos os bens espirituais? Claro que não! O que Jesus nos diz é: “pelas riquezas da injustiça ou iniqüidade”; não, “pelas injustiças e iniqüidades das riquezas”. As mesmas riquezas que levam a outros cometerem injustiças e iniqüidades, como o mordomo infiel, podem nos servir para a prática do bem e obras espirituais. Não existem riquezas injustas ou iníquas. O termo de comparação que Jesus faz na parábola, não é a iniqüidade cometida pelo administrador, mas sim o tino com que agiu, com a prudência usada, que não inclui a desonestidade que ele usou. Também revela, que no trato com os seus semelhantes o ser profano é geralmente mais atilado e previdente que os filhos da luz; pois estes, outrora viviam a neurose da culpa do pecado; porém, ao tomarem conhecimento do Caminho e da Palavra, tornam-se arrogantes e se acomodam, achando-se salvos compulsoriamente, passando os “psicóticos de carterinha”...

Jesus informa que o ser profano sabe melhor servir-se dos bens materiais para a prática de iniqüidades e injustiças, do que os bons para a prática do bem. Jesus, então recomenda aos seus discípulos que lancem mãos dos mesmos bens materiais de que os maus se servem, para a prática do bem. Logo a seguir, diz Ele: “Sede inteligentes e ladinos como as serpentes, mas, simples como as pombas”.

 Na outra parábola, - a dos Talentos, Ele nos instrui que o homem fosse previdente na administração de um bem material a fim de “entrar no gozo do seu senhor”, mediante essa administração. Ao final, explica muito bem esta parábola, ao dizer: Quem é fiel nas coisas mínimas - materiais, é fiel no muito - espiritual; e, quem é infiel no mínimo, também o é no muito. Ou seja: Se não administrares fielmente as riquezas vãs, - de injustiça e iniqüidade, quem vos confiará os bens verdadeiros? E, se não administras fielmente os bens alheios, quem vos entregará o que é vosso? “Nenhum servo pode servir a Deus e as riquezas”. Pois, quem serve ao dinheiro é escravo da matéria, mas aquele que põe o dinheiro a serviço de Deus, -  é livre e soberano pelo espírito.

 Só devemos servir a quem nos é superior; do contrário nos degradamos.

Podemos assim servi-Lo tanto em si mesmo, como também no próximo – “imagem e semelhança”...

J.Alfredo Bião



















domingo, 27 de abril de 2014

Disponível para todos

Método

Programa educacional durante Português do Brasil para adultos e adolescentes
Beginners 'Português do Brasil »
  • Nível Inicial: Iniciante
  • Duração: 1 trimestre
  • Frequência de aulas: 2 horas por semana
  • Objetivos: Ser capaz de compreender e comunicar em situações cotidianas e no local de trabalho
Materiais educativos que o aluno deve ter
A segunda edição do livro "A Gramática Ativa 1" e do livro "A Gramática Ativa 2" (enfim)
Livros co-autoria de Mr. Biao Oberg professora de Português e fundador da Associação Biao.
Gramatica Activa 1 e 2
Gramatica Ativa uma versão brasileira co-autoria com Carmen e Valeria Thuaudet Dellome é uma gramática para as pessoas que ensinam ou aprendem o Português como língua estrangeira ou língua estrangeira. Ele apresenta as principais estruturas básicas e préintermédiaire - A1, A2 e B1 , bem como expressões tipicamente brasileiras. Gramatica Ativa 2 versão brasileira co-escrito com Alice Fernandes Lescat, visa intermediário e avançado - + B1, B2 e C .
Apresentação e ilustrações que acompanham os textos Modern fazer ferramentas de vida e promover a aprendizagem e compreensão.
Dividido em 54 unidades de duas páginas cada Gramatica Ativa uma versão brasileira é a seguinte: na página esquerda, uma lição sobre um ponto gramatical especial acompanhada por exemplos concretos na página certa de exercícios aplicação.
Ativa 1 ISBN: 978-972-757-640-1 
ISBN Ativa 2: 978-972-757-863-4 (Finalmente chegou)
EDITOR: Lidel Baixe a lista de bibliotecas . Ordem em linha

Uma nova biblioteca de distribui os nossos métodos:
BIBLIOTECA & BRASILEIRO PORTUGUÊS 
19/21 rue des Fosses Saint-Jacques, Praça Estrapade 75005 Paris 
Tel:. +33 (0) 1 43 36 34 37 
E-mail: . librairie.portugaise @ wanadoo fr
Site: www.librairieportugaise . fr
ATTICA A BIBLIOTECA DE IDIOMAS 
11, Rue Boussingault 
CS 51.309-75.214 Paris Cedex 13 
Tel:. +33 (0) 149292731 
E-mail: info@attica.fr
Site: www.attica.fr

Metodologia

Gramática:
Gênero e plurais palavras 
possessivos e pronomes demonstrativos 
objeto Suplementos diretos e indiretos 
empregos a tempo.
Vocabulário:
A linguagem de situações cotidianas e da ordem social e profissional comum 
se presente, 
reservas de hotel, 
números, 
hora, 
dia, 
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perguntando por direções, 
encontrar um apartamento, 
atender o telefone 
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Ouvir:
Ouvindo fitas e exercícios de compreensão
Falando:
Dramatizações e diálogos guiados - conversas livres ou sobre temas específicos (damos prioridade para a conversa).
Escrita:
Exercícios de gramática e textos editoriais. Saber como escrever um e-mail, fax ou carta - para escrever um relatório técnico.

Cursos de suporte Bibliografia:

Bescherelle verbos Português e Brasileiro 
Um Português a Z: Em particular a gramática Português 
Larousse Bilingual Dicionário Português-Francês Francês-Português

Opções de materiais

    • Gramática Português Preciso, R.Cantel ou A a Z Português Lendo esses livros bilíngües recomendados a partir do nível intermediário e avançado
    • Conversa e preto () .. Mia Couto. Tradução de Bernard Tissier & Diogo Quintela. 
      obras de arte e cores originais Stanislas Bouvier. Bilíngües. Chandeigne, 40 p., 2003 ..... 12 €
    • Um conto de dois amores. Carlos Drummond de Andrade. 
      Ilustrações Stéphane Girel. Bilíngües. Chandeigne, 96 p. 2.001 .... 15 €
    • Conto da escola (bilingue). Machado de Assis. Trad. Mr. Giudicelli. III. Nelson Cruz. 48 p., 2004 ... 13 €
    • Queiroz, Eça de JM / A garota loira curioso [4 novo]. Trad., Prefácio e notas por Marie-Hélène Piwnik. Bilingual Ed Folio, 296 p., 1997 ... 10,50 EUR
    • Machado de Assis, Joaquim / psiquiatra (l '). Trad. Notas & Maryvonne Lapouge-Pettorelli.Bilíngüe Folio. 200 p., 1992 ... 8 €
    • Portugais-français/français-portugais dicionário, Michaelis, Ed. Melhoramentos
    • Bescherelle 1200 e verbos em português do Brasil, Ed Hatier
    • Esquematizado Português (Agnaldo Martino), Ed. Saraiva

quarta-feira, 16 de abril de 2014

XXI Colóquios da Lusofonia nos Açores: a escrita no feminino e a liberdade em Portugal


Da Agência Lusa e do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal)
14 de abril de 2014
A localidade de Porto Formoso, na ilha de São Miguel, nos Açores, abrigará os XXI Colóquios da Lusofonia, em plena época de 40 anos da Revolução dos Cravos. 
A localidade de Porto Formoso, na ilha de São Miguel, nos Açores, abrigará os XXI Colóquios da Lusofonia, em plena época de 40 anos da Revolução dos Cravos.
 
Os Colóquios da Lusofonia atingem a maturidade e chegam à sua 21ª. edição, que decorre em São Miguel, nos Açores, entre os dias 24 e 27 de abril. O evento pretende dar visibilidade à escrita literária no feminino.
Este Colóquio é especialmente dedicado a 40 anos de liberdade de expressão em Portugal e à mulher na escrita, sendo o objetivo dar a conhecer um pouco mais da literatura açoriana contemporânea e da posição (muitas vezes) subalterna da mulher na sociedade local.
A edição deste ano decorre na Praia dos Moinhos, no Porto Formoso, concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel. A entrada é livre, sujeita apenas à lotação do local.
–– Nove ilhas, nove mulheres ––
O Colóquio nos Açores abrange em sua programação o lançamento da antologia 9 Ilhas, 9 Mulheres“, adiantou o presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (AICL), Chrys Chrystello.
Chrys Chrystello, presidente da Associação Internacional Colóquios da Lusofonia.
Chrys Chrystello, presidente da Associação Internacional Colóquios da Lusofonia.
Segundo ele, a associação “há muito” tinha projetado “fazer algo que homenageasse as mulheres na escrita” e que “são muitas” nos Açores. “Optámos, nesta primeira fase, por nove, tantas são as ilhas, mas muitas outras mais poderiam estar incluídas”, sublinhou.
O presidente da AICL disse que a forma de escrita encontrada pelas mulheres “continua a ser a poesia”, salientando que “há sobretudo um retrato daquilo que tem sido a posição da mulher nos Açores ao longo dos anos, uma posição de submissão, uma posição subalterna”.
“As mulheres têm sido bastante esquecidas. Há um grande predomínio de autores que são bastante divulgados”, afirmou Chrys Chrystello.
Das nove escritoras que vão ser homenageadas, duas já faleceram: Natália Correia e Madalena Férin. As outras são Joana Felix (filha do poeta Emanuel Felix), Renata Correia Botelho (filha de Emanuel Jorge Botelho), Brites Araújo, Judite Jorge, Luísa Ribeiro, Luísa Soares e Madalena San-Bento.
–– Homenagem à liberdade ––
O XXI Colóquio da Lusofonia “consagra ainda 40 anos de liberdade de expressão, contemplando as quatro homenagens contra o esquecimento dedicadas a Álamo Oliveira”, referiu.
A iniciativa, que tem como patronos dois destacados linguistas, o português João Malaca Casteleiro e o brasileiro Evanildo Bechara, tem conseguido juntar, ao longo destes anos, várias personalidades, investigadores e académicos”, para uma maior divulgação de autores e projetos, como é o caso do Caderno de Estudos Açorianos para “descarga gratuita por escolas, alunos e professores”.
“Temos o projeto das várias antologias. Fizemos a primeira antologia bilingue com 15 autores e depois a monolingue com 17 autores. Continuamos a traduzir excertos dos autores açorianos em sete línguas”, lembrou Chrys Chrystello.
O presidente da AICL acrescentou que vai também ser lançada “uma coletânea de textos dramáticos açorianos virada para o ensino e para o currículo escolar regional”.
Haverá na programação cinco lançamentos de livros, cinco sessões de poesia dedicadas à açorianidade e três recitais de música açoriana, além de um festival de música a celebrar os 40 anos da Revolução dos Cravos.
“Desde o princípio que tentamos afastar os colóquios dos ambientes bafientos onde tradicionalmente se praticava a cultura”, realçou Chrys Chrystello.
Cerca de 70 autores estão inscritos no evento: a metade deles vinda dos Açores e de Portugal, além de participantes do Brasil, dos Estados Unidos da América, do Japão, do Canadá, da Alemanha, da Austrália, da Bélgica, da Itália, da Eslovénia, de Moçambique e da região espanhola da Galiza.
Os Colóquios da Lusofonia, que decorreram pela primeira vez no Porto, já passaram por Bragança durante nove anos, por Macau, na China, pelo Brasil e por Galiza, na Espanha. E realizam-se ininterruptamente nos Açores desde 2006.  :::
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–– Extraído da Agência Lusa e do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal)  ––

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Revertendo as expectativas...



Acredito nessa possibilidade quando relembro a obra prima de Shakespeare, que é o discurso de Marco Antonio nos funerais de Cezar. Uma parábola, para os dias de hoje...

Talvez, o leitor com alguma acuidade faça uma analogia do que se pode esperar de um bom plano estratégico para reverter expectativas eleitorais oposicionistas e oportunistas...

A cena é a seguinte:   
                                                                      
Cezar está morto, e Brutus, o assassino, é chamado para dizer à população romana, junto ao cadáver, porque motivos matou Cezar.

Imaginem uma multidão ululante, pouco favorável a Cezar, que já acreditava que Brutus tivera um gesto nobre, matando-o.

Brutus sobe a tribuna e faz um breve e pragmático relato das razões que o levaram a suprimir Cezar. Conhecido e querido por se identificar com os anseios populares, não viu nenhum motivo para preocupar-se com o clamor das ruas, pois essas eram as mais favoráveis possíveis. Convencido que havia dito aquilo que era esperado, sentou-se sob aplausos. A sua atitude refletia aquele que julga que a sua palavra vai ser aceita sem discussão; era uma atitude altiva, de quem está acostumado com as vozes das ruas e o clamor popular.

Como era de se esperar, Marco Antonio teria que subir à tribuna, sabendo que a multidão é contra ele, por ser amigo do arrogante e reativo Cezar.

Num tom de voz humilde, baixo, porém firme, Marco Antonio começou a falar:
Povo de Roma,

Venho vos falar em nome de Brutus!

Alguém mais cético na multidão pergunta o que era esperado: O que dirá ele sobre Brutus?

Alguém ao lado, responde: Diz ele, que é em nome de Brutus que se encontra aqui para falar. Acho melhor que não venha falar mal de Brutus aqui.

Um cidadão comum, diz: Esse Cezar era um tirano, distante do povo.

Ao lado, um cidadão: Certamente. É uma felicidade o ocorrido, Roma assim se verá livre dele.

Alguém na multidão grita: Silêncio! Ouçamos o que Marco Antonio vai nos dizer...

Obs.: Vamos observar agora como se neutraliza as mentes daqueles que estão arrebanhados por um inconsciente coletivo apaixonado...

Marco Antonio: Amáveis romanos!

Todos: Silêncio! Ouçamo-lo!

Marco Antonio: Amigos, concidadãos, romanos, prestai-me atenção: aqui estou para enterrar Cezar, não para louvá-lo.

Obs.: Acabara de aliar-se ao estado de espírito dos ouvintes.

O mal que os homens praticam lhes sobrevive; o bem, porém, é sempre enterrado com seus ossos... O mesmo acontece com Cezar. O nobre Brutus vos afirmou aqui nessa tribuna que Cezar era um ambicioso, um reativo, perseguidor, um incapaz de ouvir o clamor das ruas. Se assim era, ele cometeu uma falta muito grave, mas já passou por ela...

Aqui, com a permissão de Brutus e de seus companheiros, - porque Brutus é um homem respeitável e assim, são todos os homens de bem, - venho falar-vos nos funerais de Cezar.

Era meu amigo; foi justo e leal comigo; Brutus, porém, disse que ele é um homem ambicioso, e Brutus é um homem respeitável. Todos vós vistes como nas Lupercais, por três vezes lhe apresentei uma coroa de rei e três vezes ele a recusou. Seria isso ambição? Entretanto Brutus disse que ele era ambicioso, e sem dúvida alguma Brutus é um homem respeitável. Falo aqui, não para desaprovar Brutus, mas para dizer o que sei...
Outrora, vós o elegestes e não sem um motivo justo. Agora, que motivos impedem de chorá-lo? Ó razão! Fugistes para as feras e os homens não raciocinam. Perdoai-me. O meu coração está na esfinge com Cezar. Devo parar até que ele volte para mim.

Obs.: Esta é uma parada obrigatória e estratégica, para dar tempo aos ouvintes de discernir às pressas, entre si, as suas afirmativas claras.

O objetivo aqui era observar o efeito que suas palavras produziam, ajudado por alguns desconhecidos amigos infiltrados na multidão.

Um amigo na multidão disse: Parece-me que há muita coisa nas suas palavras que precisamos ouvir para saber...

Um ouvinte cético comentou assim: Se considerares devidamente o assunto, verás que César cometeu grandes erros.

Outro amigo, retruca: Verdade, amigo? Temo que o seu substituto seja muito pior!
Outro amigo infiltrado diz: Prestastes bem atenção às palavras dele? Cezar não quiz aceitar a coroa. Isso prova que ele não era ambicioso.

O primeiro amigo acrescenta: Se for assim, alguém pagará caro por essa possível substituição...

Outro amigo diz: coitado do Antonio! Chorou tanto que tem os olhos vermelhos.
O primeiro amigo diz: Não há em Roma homem mais nobre que Marco Antonio.
Alguém do povo: Atenção, ele vai começar a falar novamente.

Marco Antonio: Ontem, a palavra de Cezar podia dominar o o mundo; hoje ele jaz aqui e uma parte dos homens não o venera. Senhores! Se quisesse disputar, inflamar os vossos corações e as vossas mentes com a revolta e a cólera, acusaria Brutus, acusaria Cássio, que todos vós sabeis, são homens respeitáveis.


Obs.: Se Marco Antonio tivesse começado seu discurso com ataques, a história teria sido outra... Observem quantas vezes Marco Antonio repete o termo “respeitável”.

Vejam com que inteligência ele sugere que Brutus e Cássio não são tão respeitáveis assim, como julga a população romana. Esta sugestão é levada a efeito nas palavras “revolta”, “cólera”, “se eu quisesse despertar” e “acusaria”...

Vai ele agora construindo sutilmente frases que gerarão um novo estado de ânimo nos ouvintes. Apelou para a curiosidade da multidão em saber que “acusações seriam essas”...

Marco Antonio: Aqui está um pergaminho com o sinete de Cézar, que encontrei no seu gabinete; é o seu testamento, aquilo que ele deixa para o povo de Roma. Se ouvísseis a leitura deste testamento, o que, - perdoái-me, não pretendo fazer aqui, tenho a certeza que todos vós beijaríeis as feridas de Cezar assassinado, molharíeis os vossos lenços no sangue sagrado, imploraríeis fios de seus cabelos como lembrança.

Obs.: Agora, resolve aguçar mais ainda a curiosidade da população, pois a natureza humana sempre deseja aquilo que é difícil de conseguir ou daquilo que vai ser privado.

Observe, que essas coisas uma vez obtidas, perdem o seu valor... assim, Marco Antonio despertou o interesse e a cobiça pelo Testamento de Cezar, preparando-os para o escutarem com um “espírito aberto”.

Todos gritavam: O Testamento! O Testamento! Queremos ouvir o que nos deixou Cezar.

Marco Antonio: Tende paciência, generosos amigos; não o devo ler. Não é bom que saibas agora o quanto Cezar os amou e fez por Roma. Não sois feito de pedra; sois humanos! E sendo humanos, ao ouvir poderíeis ficar furiosos. Não, não é bom saberdes nesta hora que sois herdeiros de Cezar, pois, se souberdes, que poderá acontecer? É imprevisível!...

Um amigo na multidão, grita: Queremos ouvir a leitura do testamento! Marco Antonio, lê agora o Testamento de Cezar!

Marco Antonio: Quereis ser pacientes? Quereis esperar um pouco? Fui muito longe falando nisso... Temo ter acusado homens respeitáveis que cravaram seus punhais no coração de Cezar.

Obs.: Sugeriu aqui um assassinato, chamando-os de assassinos.
O amigo na multidão aproveita e grita acompanhado de muitos: Estes homens respeitáveis são uns traidores!

Todos: O testamento! O testamento!

O amigo na multidão volta à carga: São uns vilões, uns assassinos! O testamento!

Marco Antonio: Exigis de mim a leitura do testamento? Então formai um círculo em torno do corpo de Cezar, para que vos possa mostrar o autor do testamento. Posso descer? Permitis isso?

Obs.:Nesse ponto, Brutus deveria segui o meu conselho: Pegar uma biga com uma ótima parelha de cavalos e cair fora!

Todos: Vinde!

Um cidadão: Descei!

Um desconhecido: Lugar, lugar para Antonio, o nobilíssimo Antonio.

Marco Antonio: Não fiqueis tão próximos de mim. Afastái-vos um pouco.

Obs.: Ele sabia que dando essa ordem ainda os aproximaria mais, e era justamente o que desejava.

Todos: Para trás, para trás.

Marco Antonio: Se tendes lágrimas preparai-vos para derramá-las! Todos vós conheceis este manto. Lembro-me da primeira vez que Cezar o vestiu. Foi numa noite de verão, na sua tenda, no dia em que bateu os Nérvios. Olhai: aqui penetrou o punhal de Cássio. Vede o rasgão que fez o invejoso. Foi aqui também, que o bem amado Brutus cravou o seu punhal. E, ao ser retirado este, como que o sangue de Cezar seguiu a lâmina, para se certificar de que era Brutus, quem o ferira tão impiedosamente, pois Brutus, como sabeis, era o anjo de Cezar. Chorais agora, pois percebo que vos sentis comovidos; derramai as lágrimas da compaixão. Olhai aqui; vede o próprio Cezar dilacerado pelos seus traidores.

Obs.: Observem que aqui, Marco Antonio emprega a palavra “traidores” porque sabe que as mesmas estão em harmonia com o que domina as mentes da população.

Um simples cidadão: Que triste espetáculo!

Outro cidadão>: Que dia fatal!

Um amigo oculto: Havemos de vingá-lo!

Todos: Vingança! Vingança! Vamos buscá-los! Não deixemos vivo um só traidor!

Marco Antonio: Parai, concidadãos!

Um cidadão: Calma! Ouçamos o nobre Antonio!

O amigo oculto: Escutemo-lo, sigamos-o, morramos com ele!

Obs.: Pronto!... a certeza agora era que a multidão estava com ele, Marco Antonio.
Marco Antonio: Generosos amigos! Não desejo incitá-los de maneira alguma à revolta.

 Os autores desse feito tinham seus motivos e eram homens respeitáveis. Que motivos tinham eles para agirem assim? Acredito que diante de tal tragédia, tenham motivos justificáveis. Não vim roubar vossos corações. Não sou um orador como Brutus, mas, como sabeis, um homem simples, franco; amava o meu amigo; eles sabiam disso muito bem, por isso me deram autorização para falar do meu grande amigo. Digo-vos apenas o que todos sabeis: se eu fosse Brutus e Brutus fosse eu, talvez pudesse inflamar os vossos espíritos.

Todos: Estamos revoltados!

Um amigo; Incendiaremos a casa de Brutus.

Outro: Vamos! Vamos!

Marco Antonio: Então amigos, não sabeis ainda o que fazer... em que Cezar vos mereceu tanta dedicação nesta hora? Esquecestes o testamento...

Todos: O testamento! O testamento!

Marco Antonio: Aqui está o testamento e com o sinete de Cezar. Para cada um de vós deixa setenta e cinco dramas.

Um cidadão romano: Nobilíssimo Cezar! Vingaremos a tua morte!

Marco Antonio: Ouvi-me com paciência.

Todos: Silêncio!

Marco Antonio: Além disso, deixou para vós todos os jardins, todo seu parque e os novos pomares que ficam deste lado do Tibre. Este era o verdadeiro Cezar! Quando surgirá outro igual?

Um cidadão: Nunca, nunca. Venham! Vamos queimar o seu corpo no lugar sagrado e com as mesmas tochas incediaremos as casas dos traidores. Levem o corpo!

Um dos cidadãos: Vão buscar o fogo!

E foi esse o fim de Brutus. O mais forte candidato a ser o sucessor de Cezar.

Obs.: Perdeu, apenas porque lhe faltou personalidade e bom senso para sugerir com bons argumentos e seguir de acordo com a receptividade da população romana, como fez Marco Antonio. Ao se julgar uma grande personalidade; inflacionou o seu ego, ficando obcecado e orgulhoso com seu feito. Achou que a realidade dos fatos podiam falar por ele e assim bastavam para impor decisões e justificá-las...

Caso Marco Antonio tivesse subido à tribuna com a mesma empafia e arrogância, teria dito: “Agora, povo romano, permiti que vos diga uma incontestável realidade sobre Brutus... ele é um verdadeiro assassino”!...

Decerto não teria continuado, pois a populaça o teria apupado... hábil, usou de psicologia apresentando seu parecer e a realidade dos fatos, de tal modo, como não fosse uma ideia sua, mas da própria população de Roma. Basta observarmos como no seu discurso foi acentuado o “vós e não o “eu”.

Toda e qualquer situação pode ser revertida... depende unicamente da forma e conteúdo da comunicação.

J. Alfredo Bião


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Curso de pós-graduação em jornalismo em Língua Portuguesa

:::  O curso de pós-graduação em Jornalismo Internacional em Língua Portuguesa avança em setembro de 2014 em uma parceria entre a Agência Lusa e o ISCTE-IUL de Lisboa.  :::
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O curso de pós-graduação em Jornalismo Internacional em Língua Portuguesa será um vetor fundamental para difundir conhecimento, aproximar povos e concretizar o Conceito Estratégico de Cooperação 2014-2020, afirmou Luís Campos Ferreira, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, da República Portuguesa.
A existência de uma Língua em comum cria terreno fértil para o desenvolvimento de projetos, sustentou Luís Campos Ferreira, sublinhando que o curso de Jornalismo Internacional em Língua Portuguesa é um “contributo muito forte” para a política externa e a para a Cooperação Portuguesa.
Intervindo na sessão de lançamento desta nova pós-graduação, decorrida a 2 de abril de 2014 na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, o secretário de Estado português defendeu uma “diplomacia da comunicação”, que difunde conhecimento, informação, e assim torna mais próximos os povos dos diferentes países, em diferentes geografias.
–– Conceito Estratégico da Cooperação Portuguesa ––
Luís Campos Ferreira defende uma "diplomacia da comunicação", a difundir conhecimento e informação entre os países lusófonos.
Luís Campos Ferreira defende uma “diplomacia da comunicação”, a difundir conhecimento e informação entre os países lusófonos.
O Conceito Estratégico da Cooperação Portuguesa 2014-2020 – documento estruturante para o setor que foi aprovado a 27 de fevereiro último pelo Conselho de Ministros do Governo de Portugal – reflete a evolução da arquitetura internacional da Cooperação Portuguesa para o desenvolvimento, com novas políticas, atores e instrumentos.
Este documento assenta em quatro princípios: coerência e coordenação entre parceiros; concentração geográfica e setorial, privilegiando projetos de natureza estruturante; apropriação, com enfoque no desenvolvimento de capacidades e na sustentabilidade; e parceria, através da partilha de recursos, incluindo fontes de financiamento (com a União Europeia, com outros países no âmbito da cooperação triangular, com países parceiros e com o setor privado).
Com a duração de um ano letivo, o curso de Jornalismo Internacional em Língua Portuguesa resulta de uma parceria entre a Agência Lusa e o ISCTE-IUL (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa).
Esta pós-graduação pretende preparar jornalistas ou futuros jornalistas para os novos desafios do jornalismo internacional e da agência de notícias, em especial nos territórios de Língua oficial portuguesa – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau (na China), Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Dirigida por Gustavo Cardoso, investigador e professor do ISCTE-IUL, e Ricardo Jorge Pinto, diretor adjunto de informação da Agência Lusa, a pós-graduação vai ter no corpo docente professores do ISCTE-IUL e alguns dos mais experientes profissionais da agência de notícias de Portugal. Os estágios curriculares da pós-graduação terão lugar na Agência Lusa.
A cerimónia de apresentação foi presidida pelo embaixador Murade Murargy, secretário-executivo da CPLP, e contou também com a presença do ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional da República Portuguesa, Miguel Poiares Maduro.  :::
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–– Extraído da Agência Lusa e do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua ––